sábado, 5 de dezembro de 2015

Vai

De frente, de trás, 
do avesso ou mais
De pé ou de ré
Nos começos finais
Andando parado
Seguindo sem ir
juntando espalhado
Voltando de vir

domingo, 29 de novembro de 2015

Saudosismo Antecipado

Algumas vezes me pego com a sensação de solidão. Geralmente isso vem acompanhado de uma espécie de saudade antecipada das pessoas que vou perder no futuro, em especial minha mãe. Me pego imaginando o dia em que ela se for, toda a tristeza que isso trará.

Já me peguei pensando também sobre a velhice. Como será, daqui há trinta ou quarenta anos, olhar para trás, ver todas as pessoas que já me deixaram, todas as coisas que vivi e simplesmente esperar o dia em que a morte me levará? Eu me conheço, sou saudosista das coisas, e tenho um certo receio da melancolia que vai me atingir nessa época. Do quanto vou me arrepender? Quantas oportunidades de estar com pessoas que jpa terei perdido vou lamentar não ter aproveitado? De quais atitudes eu vou me envergonhar e ter vontade de voltar atrás e refazer tudo de novo?

São pensamentos que me acometem quando me sinto sozinho aqui em casa. Tenho uma excelente fase por vir, a paternidade, e talvez esse saudosismo antecipado venha da extrema mudança que minha vida vai ter daqui algum tempo. Estou super ansioso, é claro, e mal vejo a hora, mas provavelmente minha mente já enxerga como uma despedida de quem eu sou hoje, e talvez daí venha todos esses pensamentos futuros.

Ou talvez seja a tal crise dos trinta, dizem que existe. Eu não sei. Fico aqui com meus pensamentos e angústios por um futuro do qual nem faço ideia.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Trilho

Fecho os olhos sem descansar de fato
O sangue que escorre direto dos passos
Mesmo acordado eu quero deitar

Eu sei o caminho, onde tudo se encontra
Eu sei os espinhos, a fé me demonstra
Mas a dor é tão grande que quero deixar

Aqui e ali uma mão me norteia
Mas cruel é língua que me chicoteia
No abraço amigo eu busco um arfar

O sol vai se pondo, cruel é a noite
Posso escapar, fugir do açoite
O caminho é tão claro, melhor caminhar

E quando ao destino eu enfim chegar
Talvez nesse trem eu não deva embarcar

Caminhando nos trilhos, pra sempre trilhar. 

terça-feira, 1 de setembro de 2015

O Mundo

Eu paro, olho e penso
Logo existo ou não entendo
À volta das coisas, que surgem
Dos desejos que a vida urge

Eu penso no poder dos nomes
Eu vejo o desejo dos homens
A injustiça que acompanha a ambição
O poder de um nobre coração

A indiferença das dores alheias
O bem que o puro semeia
A torto, a direito e errado
Pra um lado ou outro, que faço?

Com olhos de criança senil
Devotado a um mundo febril
Me sinto isolado, sem igual
Na dor da vivência, afinal.


terça-feira, 25 de agosto de 2015

Descoordenado

Abrem-se as águas
restam as marcas
De um futuro que ainda é porvir

Chegam as dores
saem amores
D' algo que deixei fugir

Ventos que sopram
Medos que afloram
Uma cor que vai se desbotar

Voltem as portas
Puxem minhas cordas
Pois que um fim é mesmo voltar.

domingo, 24 de maio de 2015

Broken

Esse final de semana algo voltou para mim... 

Eu não sei extamente explicar o que foi, se foram as conversas com a psicóloga no processo de adoção, se foi esse processo estar tranquilo, o que foi... mas eu me senti sozinho, desejando muito ter alguém...

Refiz meu cadastro no POF, e dei de cara com um rapaz com um sorriso tão puro, tão sincero, que me apaixonei, assim de cara.

Entrei em contato com ele, mas ele não se mostrou interessado, aberto a sermos apenas bons amigos. Isso meio que me matou, me derubou... nao a recusa, mas o fato de ter essa perspectiva de ficar sozinho, de não ter um abraço carinhoso para me receber quando eu preciso...

Eu estava bem com isso, estava feliz com minha vida a sós, mas depois do processo de adoção, alguma coisa quebrou aqui dentro, e eu estou me sentindo péssimo...

Quem sabe melhora quando tiver meu filho...

sábado, 31 de janeiro de 2015

Sozinho


Um pouco sozinho. 
Essa é a definição do momento. Eu mudei, eu moro sozinho. É minha realidade agora.

Lá no fundo, estou profundamente incomodado. Estou apavorado, com medo de não dar conta... com medo de não sobreviver dessa maneira. Estou afundando em culpa por ter sido egoísta e deixado minha mãe... ela merecia mais. Agora está lá, praticamente sozinha, e a culpa é toda e só minha.
E aí me sinto também apreensivo. Eu não posso me sentir assim, tenho uma adoção para conseguir e eu preciso estar 100%. Eu tenho a obrigação de ser forte e sobreviver, pois em breve vai ter alguém aqui que precisa que eu seja um adulto, um pai. Não posso ser fraco, não posso me dar esse direito.

Mas me incomodo. Os poucos momentos que o Bruno vem aqui são de pura alegria. Mesmo que ele fique em um canto e eu em outro, e a gente quase não se fale, só de ter alguém aqui já é reconfortante. Eu preciso me livrar dessa necessidade.

E isso me traz de volta a velhos hábitos, velhas sensações. Eu preciso expurgá-las, para sempre. 

Mas é difícil. Tenho esperança de que essa sensação ruim vai passar, que estou em fase de adaptação e tudo vai se encaixar com o tempo. 

Eu preciso.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

É o fim

Depois de tanta espera, depois ansiedades, enfim o dia está chegando. Restam 4 dias para minha mudança. Meus últimos quatro dias morando com meus pais.

Eu não sei bem o que sentir. Eu deveria estar nostálgico, aproveitando cada momento, mas meu tempo é dividido entre a melancolia e a culpa. Eu queria sentir algo mais, mas não consigo.

E a culpa me corrói muito. Minha mãe anda um pouco triste pelos cantos, e apesar de não admitir totalmente, eu sei que é por causa da minha saída. Eu visualizo o quanto ela vai ficar solitária, sem ter ninguém com quem conversar, dividir os problemas, conviver como sempre fazíamos. Mesmo eu morando perto, ambos sabemos que não será a mesma coisa. Eu me sinto muito mal por estar fazendo isso com ela, e sei, definitivamente, que quando ela não estiver mais aqui vou me arrepender completamente de ter saído de casa, mesmo que seja por um bom motivo.

Ao mesmo tempo, bate uma certa ansiedade pela nova vida, apesar de ter certeza que, quando estiver na minha nova casa, por um tempo ainda vou olhar ao redor e pensar: O que faço? Como devo viver? Como devo agir?

A casa de meus pais sempre foi um porto seguro, um lugar para onde voltar, conversar, desabafar. Um lugar onde eu sabia como agir. Nessa nova vida, vou levar um tempo para me redefinir, isso é fato.

Acredito que seja normal, uma sensação de amadurecimento.

Mas eu queria sim que esses dias fossem diferentes... fossem mais saudosos, nostálgicos, como os últimos dias devem ser. Mas são dias comuns, como se, talvez, minha ficha ainda não tenha caído.
É uma pena, mas não há nada que eu possa fazer para mudar isso. Só me resta esperar.