segunda-feira, 12 de agosto de 2013

sábado, 3 de agosto de 2013

Morte

Vendo um capítulo de novela, me deparei com uma personagem em estado quase terminal de uma doença avançada. Ela sabia que estava à beira da morte e, conformada com isso, tentava fazer as coisas que tinha vontade.
Acabei sendo pego em uma série de reflexões... como seria para eu saber que estou à beira da morte?

Ao contrario de muitos, eu percebi que sentiria um certo alívio. Alívio por saber que minha trajetória estava perto do fim, que eu logo encerraria uma vida na qual não fui tudo o que poderia ser, apesar dos inúmeros momentos alegres. Claro, isso junto ao medo do sofrimento que uma doença desse tipo traz, mas ainda assim, alívio.

É, a ideia de morte me atrai. Não que eu queira morrer, ou esteja buscando isso (essa fase ficou no passado). Mas é que, apesar da minha idade relativamente baixa, eu me sinto cansado, muito cansado. Sinto como um boneco de pano que foi esticado e torcido muitas vezes em diferentes direções, e que agora, finalmente encontrando um porto mais ou menos seguro, sofre com suas costuras se rompendo e seu tecido desfiando. 

Não que eu tenha uma vida terrível, ao contrário, minha vida é relativamente boa Tenho um bom emprego, bons familiares e amigos. Mas muitas de minhas nuances me incomodam, e já me fizeram sofrer demais. Coisas que observo, coisas que sinto, coisas que repudio... uma soma de pequenos (ou não) fatores que me tornam mais velho do que realmente sou.

E daí vem a vontade de recomeçar.Encerrar esse ciclo e nascer como outra pessoa, com novas chances e quem sabe com um caminho diferente. 

Porque a sensação geral é que eu passei batido pela existência. Preso entre dois ou três mundos, eu jamais pude exercer um "eu" verdadeiro. Buscando a compreensão, o afeto e a aprovação das pessoas, eu nem mesmo soube o que em mim realmente é parte do meu ser.

Velhas feridas que não cicatrizam, costumes, nuances e características, colcha de retalhos psicológicos. Definições que não se definem em mim, verdades que nada revelam, desejos que não me pertencem. 


Então, sim, eu descansaria com a morte. No seu tempo certo, claro. Só então eu deixaria de ser um rascunho do que eu deveria ter sido, pois não passo do esboço de uma obra incompleta, abandonada por seu artista por falta de inspiração.