sábado, 31 de janeiro de 2015

Sozinho


Um pouco sozinho. 
Essa é a definição do momento. Eu mudei, eu moro sozinho. É minha realidade agora.

Lá no fundo, estou profundamente incomodado. Estou apavorado, com medo de não dar conta... com medo de não sobreviver dessa maneira. Estou afundando em culpa por ter sido egoísta e deixado minha mãe... ela merecia mais. Agora está lá, praticamente sozinha, e a culpa é toda e só minha.
E aí me sinto também apreensivo. Eu não posso me sentir assim, tenho uma adoção para conseguir e eu preciso estar 100%. Eu tenho a obrigação de ser forte e sobreviver, pois em breve vai ter alguém aqui que precisa que eu seja um adulto, um pai. Não posso ser fraco, não posso me dar esse direito.

Mas me incomodo. Os poucos momentos que o Bruno vem aqui são de pura alegria. Mesmo que ele fique em um canto e eu em outro, e a gente quase não se fale, só de ter alguém aqui já é reconfortante. Eu preciso me livrar dessa necessidade.

E isso me traz de volta a velhos hábitos, velhas sensações. Eu preciso expurgá-las, para sempre. 

Mas é difícil. Tenho esperança de que essa sensação ruim vai passar, que estou em fase de adaptação e tudo vai se encaixar com o tempo. 

Eu preciso.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

É o fim

Depois de tanta espera, depois ansiedades, enfim o dia está chegando. Restam 4 dias para minha mudança. Meus últimos quatro dias morando com meus pais.

Eu não sei bem o que sentir. Eu deveria estar nostálgico, aproveitando cada momento, mas meu tempo é dividido entre a melancolia e a culpa. Eu queria sentir algo mais, mas não consigo.

E a culpa me corrói muito. Minha mãe anda um pouco triste pelos cantos, e apesar de não admitir totalmente, eu sei que é por causa da minha saída. Eu visualizo o quanto ela vai ficar solitária, sem ter ninguém com quem conversar, dividir os problemas, conviver como sempre fazíamos. Mesmo eu morando perto, ambos sabemos que não será a mesma coisa. Eu me sinto muito mal por estar fazendo isso com ela, e sei, definitivamente, que quando ela não estiver mais aqui vou me arrepender completamente de ter saído de casa, mesmo que seja por um bom motivo.

Ao mesmo tempo, bate uma certa ansiedade pela nova vida, apesar de ter certeza que, quando estiver na minha nova casa, por um tempo ainda vou olhar ao redor e pensar: O que faço? Como devo viver? Como devo agir?

A casa de meus pais sempre foi um porto seguro, um lugar para onde voltar, conversar, desabafar. Um lugar onde eu sabia como agir. Nessa nova vida, vou levar um tempo para me redefinir, isso é fato.

Acredito que seja normal, uma sensação de amadurecimento.

Mas eu queria sim que esses dias fossem diferentes... fossem mais saudosos, nostálgicos, como os últimos dias devem ser. Mas são dias comuns, como se, talvez, minha ficha ainda não tenha caído.
É uma pena, mas não há nada que eu possa fazer para mudar isso. Só me resta esperar.