terça-feira, 28 de outubro de 2014

Ao Futuro!

Primeiro é necessário que você entenda o caminho. Em seguida, desvista-se de seus preconceitos e olhe o que há de belo, pois nem é tão diferente assim. 

Porque daí vem a coragem para mudar, para seguir um caminho incerto com o mesmo ânimo que sempre lhe carregou. 

E parece ser tão linda a curva que o espera ali na frente, que nada mais resta senão essa ansiosidade radiante. 

Que o presente e o passado se tornem doces lembranças, raízes de aprendizado. Pois ao futuro só nos resta a cobrança de que eles realmente valeram a pena.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Homenagem da Cris

Gostei tanto do que a Cris escreveu no meu aniversário que resolvi postar aqui...

"Eu não sei bem quantos anos vc faz hoje, mas acredito que a sua idade não pode ser aferida pela sua certidão de nascimento, muito menos pela passagem do tempo e sua impressão deixada numa ruga ou cabelo branco.
Você é uma daquelas raras pessoas para a qual o tempo não passa. Você é quem passa por ele, brinca, engana, ensina e deixa a sua marca.
Você tem o dom da imortalidade dos super-heróis que tanto gosta. Está sempre no lugar certo, na hora certa e sabe o que tem que ser feito. E mesmo que já tenha um dia partido, será sempre lembrado exatamente como é hoje...jeito de homem com alma de menino!
É meu amigo, o tempo jamais será páreo pra vc!
Me orgulho de ser sua amiga! Amo você, meu ex gordoooooooooo!!!

FELIZES SEUS MUITOS ANIVERSÁRIOS!!!"


Menino Homem

domingo, 15 de junho de 2014

No rastro dos trilhos de Rubinéia


Tudo começou há alguns dias, quando li uma reportagem sobre as ruínas da velha Rubineia estarem aparecendo por conta da baixa do rio. Achei interessante ver a cidade abandonada antes da inundação, mas vi que uma parte do texto falava sobre a estação de trem.

Eu nunca soube que por algum tempo o trem seguia até Rubineia. Sempre imaginei que fosse só até Santa Fé (antes da construção da Rodoferroviária). Faz sentido, já que pelo visto o trecho foi desativado em 1969, muito antes de eu nascer.

Fiquei curioso por nunca ter achado traços de uma história ferroviária na região, já que os trilhos desviam logo depois de Santa Fé do Sul em direção à ponte. Imaginei que o traçado e os recortes nos morros ainda perdurariam. Fui ao Google Earth e comecei a procurar, na região.



Foi quando, para minha felicidade, encontrei um traçado não natural, semelhante a uma mata ciliar que não poderia existir, devido a altitude. Não poderia ser outra coisa senão o traçado dos antigos trilhos! Reparei que logo antes, o trilho vindo de Santa Fé do Sul fazia uma curva, da qual o traçado continuava reto. Era alí!


Não me dei por satisfeito e decidi seguir até o local para ver com meus próprios olhos, procurar vestígios de que um dia aquela região teve vida ferroviária. No outro dia, peguei minha moto e parti.

Muitos dos lugares estavam inacessíveis, mas consegui, entrando meio de penetra em um condomínio fechado, chegar no primeiro ponto cujo acesso era possível:


Desci até lá, olhei para um lado, para o outro, mas com toda aquela vegetação era difícil definir algo. Então reparei no estranho "morro" que, devido à seca, dividia o rio, criando uma espécie de lago.


Só poderia ser alí. Logicamente que a erosão levou muito do aterramento, mas aquilo claramente era obra humana. Mas eu queria provas. 

Seguindo o traçado, acompanhei até que chegasse em um declive em direção ao rio, com uma estranha "lombada" que o cortava desde o aterro. E então me deparo com a prova que precisava:


Em meio às pedrinhas típicas de beira de rio, eu encontro as típicas pedras britadas que são utilizadas nas linhas férreas. Seguindo com o olhar, elas levam diretamente para o aterro. Portanto sim, outrora o trem passou por ali.


 Resolve seguir o traçado, e me deparo com mais essa visão:


Se observarmos atentamente, é um desnível abrupto de terreno, como se o mesmo tivesse sido recortado. As árvores da beirada indicam que não se trata de uma simples erosão. Junte isso aos meus achados anteriores e temos a continuação do antigo trilho. Mas o melhor estava por vir:


Não sei se é perceptível na foto, mas se trata de uma escavação no morro, logo depois do desnível anterior. Um recorte desse tipo só seria possível com a passagem de um córrego ou rio, mas a elevação da área em questão não permitiria tal evento natural. A água que vemos ali no fundo é acúmulo de chuvas recentes. Mesmo a foto não mostrando, a escavação seguia fazendo uma curva. Eu estava empolgadíssimo, mas simplesmente não havia maneira de descer até o fundo. Resolvi ir para o meu segundo ponto de observação.


Logo ao passar por um bairro praticamente fora da cidade, eu já dei de cara com mais uma área de vala com mata. Pulei uma cerca e fui até o local, dando de cara com a feliz imagem:


Não é uma estrada, nem remotamente é natural. Claro que resolvi andar por ela.


Era bem complicado de andar. Além do chão estar coberto de folhas secas (ótimas para abrigar aranhas armadeiras e cobras), em alguns lugares ele afundava. Confesso que andei com um certo medo. 


Por mais que procurasse, quatro décadas e meia deram conta de acabar com qualquer vestígio de que por ali um dia o trem passou. Há muita erosão, entulho e folhas. 


Mas não importa, é claramente uma escavação por onde passavam os trilhos do trem. 


E consegui afundar e quase perder o tênis na lama que se acumulava no local.  Por isso resolvi sair dali, já tinha o que queria.



Chegando em Rubinéia, as ruínas já estavam novamente cobertas, portanto não deu pra ver muita coisa.

Resolvi dar uma passada rápida na Rodoferroviária:


Mas ainda faltava um local para ver: O lugar onde a linha foi desviada, a curva logo depois de Santa Fé. Peguei a estrada novamente e me enfiei pelas estradas de terra. No caminho encontrei um velho amigo:


Por fim encontrei a curva:


Foi uma delícia andar por ela, e no pasto ao lado, bem onde ela começava, era possível ver a pequena depressão e a trilha de árvores formada pela antiga passagem do trem por ali.


E minha aventura investigativa chegou ao fim. Fiquei muito satisfeito com o resultado, é muito bom ver e respirar a história ferroviária que passou por ali. Amei fazer isso, e pretendo procurar novos lugares pra fustigar. 

Por fim eu e minha fiel companheira de aventuras.


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sábado, 7 de junho de 2014

Vidas de Papel


Vidas de papel, é o que eles levam.
Vidas escritas em papéis velhos
Seguidas cegamente, mas...
Vidas de papel vazio, sem escrita
Baseadas em páginas em branco
De códigos ultrapassados que se foram
Sem chance de escrever suas próprias linhas
Sem chance de se tornar uma dobradura
Pois é mais fácil só existir sobre a mesa
E assim seguem com suas vidas de papel.
Vidas que não duram, nem se sustentam
Pois não passam disso, é só papel.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

O rei desperta.



Está em mim.... está em ti... está cuidando... do que está aqui.

O Rei Leão. Algo aconteceu comigo nessa peça. E hoje eu percebo o quê.

A história, a força da música africana, o potencial dramático, tudo isso se refletiu na minha atual fase da vida.

Quando Rafiki entrou em cena, e cantou o primeiro verso, eu chorei. Chorei durante toda a Ciclo da Vida. Porque aquilo resgatou memórias de infância, sentimentos enterrados, muita coisa. Foi uma mistura de nostalgia com emoção, a força da música africana adentrando em mim e abrindo a alma.

Então temos Simba e Mufasa. E há ali uma cumplicidade, uma amizade, que também muito me tocou. Principalmente quando o pai ensina ao filho sobre os reis do passado, aquilo tudo mexeu comigo profundamente. A alma, que já estava aberta, apresentou suas feridas, e eu senti toda a falta que uma relação assim com meu pai fez. Eu senti sua ausência como amigo, cúmplice e conselheiro. Ao mesmo tempo acentuou o desejo de ser pai, de ter uma relação desse tipo com meu filho. Eu me senti ansioso, dado o momento que estou passando, e ficou bem claro, ali, o quanto eu desejo e preciso ser pai.

Depois vem a fuga de Simba, e sua procura por si mesmo. Mais uma vez velhas feridas se apresentam, o longo período em que me escondi de mim mesmo, meus questionamentos, a dor interna. E Nala decide abandonar a Pedra dos Leões, em busca de socorro. Essas duas buscas se refletiram nas batalhas interiores que por tantos anos eu passei. Simba eram minhas dúvidas, Nala minhas buscas.

Ao mesmo tempo, a busca de Nala refletiu a minha saída de casa. Por mais que eu não quisesse isso antes, é uma necessidade, algo que preciso fazer para poder viver de fato, realizar meus sonhos. "E pela longa jornada, essa oração me leva"... A música Terra Seca refletiu muito dentro de mim dessa forma.

Então Simba continua buscando quem ele é, e canta, em Noite Sem Fim, sobre a falta do pai. A força e o sentimento que o ator colocou nessa música ressoou perfeitamente comigo, e isso foi muito forte. Eu me senti triste, e revoltado. Não à toa, é minha música favorita da peça.

Com o surgimento de Nala, Simba precisa tomar a decisão de voltar ou não. Como eu no passado, ele deveria se confrontar e encarar aquilo que não poderia mudar. Como eu agora, ele deveria deixar sua zona de conforto, partir para encontrar o que era seu destino. Por mais difícil que isso fosse, ele tomou a decisão, como eu fiz.

E no fim tudo termina bem, com Simba mostrando seu bebê. Mais uma vez o tema da paternidade volta à peça, e já escrevi sobre como tudo isso me afetou. Mas ali, com ele terminando feliz, ao som de Ciclo da Vida, nos passa a ideia de que é possível, de um jeito ou de outro, um final feliz, o alcance dos sonhos, por mais difíceis que eles sejam.

E é por isso que essa peça me tocou tanto. Destino, paternidade, conflito interior, autocrítica, a busca de si mesmo e de seu futuro. Com o poder da música africana, tudo isso refletiu em mim com uma força avassaladora. A peça, de uma certa forma, refletiu a minha vida de uma forma que nunca foi feito antes.

E por mais que tenha, na medida do possível, tentado descrever tudo aqui, ainda me sinto insatisfeito por não conseguir colocar em palavras toda a torrente de sentimentos que O Rei Leão desencadeou. O texto parece incompleto, vazio de sentimentos. Mas é impossível colocar em palavras tudo o que sinto. Pelo menos dessa vez não deu.


sábado, 22 de março de 2014

Rumos

E a vida vai seguindo seu rumo.

É curioso como em um dia você está perdido, se desesperando a cada encruzilhada. Deixando que cada chuva lhe faça perder os rastros que teimava em seguir, sem saber exatamente onde estava indo. Sua vida, a cada dia, se remete a circular pelos mesmos caminhos tortuosos, vivendo das pequenas alegrias (verdadeiras, mas finitas) que encontra pelo chão. Como um pombo que cisca por migalhas.

E então, como um estalo, como uma súbita iluminação vinda de lugar nenhum, você para. Para e observa o quanto andou sem realmente sair do lugar. E aquilo te incomoda, profundamente. Se depara com duas únicas opções: sentar-se e ali estagnar para o resto de seus dias, ou tentar sair daquele caminho tão confortável em busca do que realmente é importante.

Novos horizontes assustam. Não é fácil pisar em terras desconhecidas, mas algo te motiva a sair dos trilhos. E descobre, subitamente, que aquilo é o que sempre quis. Porque a luz que enxerga no final desse caminho é tão forte, tão quente, que te purifica de todos os medos, de todas as dores.

Pois que é caminho longo. Difícil. Há pedras, vales e depressões, mas aquela luz... ah, aquela luz. Ela te guia, você a sente mesmo antes de encontrá-la. Ela te fortalece e te renova.

E você segue o caminho que sempre se negou a enxergar. Feliz. Determinado. Ansioso. Abre mão do que achava importante (como era tolo!). Luta, sacrifica-se.

Porque a luz é o seu destino, o seu caminho e tudo o que lhe importa agora. Ela é a única e verdadeira razão do seu viver. Não há escapatória, e você está satisfeito.

domingo, 2 de março de 2014

Vislumbre

São 15h30, e eu paro a moto na calçada. Um pouco cansado, observo que alguma ventania encheu-a de folhas outra vez. Resolvo cuidar disso mais tarde.

Entro pela porta da sala e jogo a mochila no sofá. Imediatamente me censuro por isso, e a guardo no quarto. A casa está como deixei de manhã, afinal ninguém esteve  ali nesse meio tempo. Dou uma olhada na lateral da geladeira para ver o que tinha planejado para a janta: pimentão com carne.

Sento na mesinha do computador e navego um pouco na internet, enquanto as pernas descansam da jornada de 8 aulas seguidas. Me lembro das folhas na calçada e olho no relógio: 16h04. Pego a vassoura e sigo para a frente, enquanto o trem apita na curva lá na frente.

Enquanto varro negligentemente, o trem passa e a fila de carros se forma em frente da casa. Pessoas começam a se aglomerar na calçada, e eu me dou por satisfeito com o trabalho. Volto para dentro. São 16h20. 

Tiro a carne moída da geladeira. Está descongelada por fora, e até o momento de fazer a janta ficará no ponto. Ligo a TV, mas não encontro nada de interessante para variar.

São 16h40, e resolvo descer. Coloco o tênis outra vez e tranco a casa. Passo na padaria e compro um chocolate, ele ficará feliz com o mimo.

Chego na porta da escola e espero, junto com outros pais e mães. Vejo lá no pátio a fila de pequenos vindo. O meu, ao me ver, corre na frente das outras crianças. Eu me abaixo um pouco enquanto ele pula no meu colo, me abraçando forte. Eu retribuo.

Pego na mão dele e vamos caminhando pela calçada, enquanto ele me conta, serelepe, as coisas que fez na escola. Gosto de ouvir esse deslumbramento dos cinco anos de idade perante o mundo. Ele pede para eu carrega-lo nas costas.

Lembro do chocolate e entrego a ele. Ele comemora e desce das minhas costas. Abre o chocolate me oferece. Eu recuso, orgulhoso por ele estar aprendendo a ser educado. Mas então ele joga a embalagem no chão e eu chamo sua atenção. Ele o recolhe, um pouco contrariado, e coloca no bolso.

Em casa, ele corre assistir TV. Eu vou para a cozinha preparar a janta. Não demora e ele aparece procurando alguma coisa na geladeira para comer, alegando estar com fome. Eu digo que ele deve esperar a janta e ele faz bico ao ver o pimentão. Com certeza não é a comida favorita dele.

Digo a ele pra tomar banho. Ele pergunta se pode levar os brinquedo.. Desde que começou a tomar banho sozinho, gosta de brincar no chuveiro. Eu digo que pode, mas ele tem que deixar o chuveiro desligado enquanto brinca.

Dez minutos depois, ele sai enrolado na toalha. Eu inspeciono se ele se lavou direito, e pego uma troca de roupas pra ele.

Resolvo tomar banho, não sem antes pedir que ele pegue os brinquedos que deixou no banheiro. Ele deita no sofá e volta a assistir alguma coisa.

Meu banho é rápido, não gosto de deixa-lo sozinho. 

Jantamos. Pergunto sobre o pimentão, ele diz que está gostoso. Enquanto lavo a louça, ele guarda as panelas para mim enquanto conta mais algumas coisas da escola.

Depois da janta, ele pega suas coisas para fazer a tarefa. Está aprendendo as letras do alfabeto, e deve pintar algumas. Eu dou sugestão de cores.

São 08h00. Ele brinca no chão, e eu sento para brincar com ele. Alguma coisa sobre lutas e veículos, e eu me divirto.

Paro de brincar para assistir ao jornal na TV. Ele quer assistir um DVD infantil, mas eu digo que agora é minha vez de assistir. Ele emburra no sofá, eu ignoro.

Terminado o jornal, vou preparar o material das aulas de amanhã, enquanto ele vê o DVD que queria.

São 22h10, eu estou com sono e decido leva-lo para a cama. Pego o livro de contos que estava lendo para ele, e continuo a história do dia anterior. Estou sentado na cama com ele deitado no meu colo, mostrando para ele as figuras e as palavras que estou lendo. Ele aponta uma palavra simples e lê antes de mim. Quase me derreto de orgulho.

Ele adormece, e eu o cubro com o lençol. Dou uma última olhada antes de sair do quarto. Ele parece um anjinho dormindo daquele jeito. Penso no quanto o amo, e no quanto aquele serzinho mudou minha vida.


Ele é meu filho, meu tesouro mais importante, e a maior aventura da minha vida. 

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Meu Deus

    Alguns me perguntam no que acredito. Eu acredito em Deus, e só nele. Mas não é esse Deus que você conheceu nas palavras dos homens. É diferente.
    O meu Deus é criador de todas as coisas, mas da forma natural como dizem os cientistas. Ele não criou Adão e Eva, mas criou aquela bactéria que evoluiu até chegar em nós.
    O meu Deus não pune nossos atos ruins. Ele nos entende como falhos, se entristece com nossos erros e se alegra com nossos atos de bondade.
    O meu Deus permite que vivamos várias vezes, várias vidas, para termos a oportunidade de reparar nossos erros e aprender cada vez mais.
    Meu Deus não está em um livro escrito pelos homens ou em templos, mas sim no coração de cada um.
    O meu Deus age como um pai bondoso, deixando que aprendamos com nossos erros, e não jogando castigos e punições.
    O meu Deus abençoa todo tipo de amor, pois a diversidade sexual, presente mesmo na natureza para quem se dá o trabalho de pesquisar, é criação sua assim como todas as outras forças naturais.
    Meu Deus é aquele com o qual eu dispenso formalidades. Nada de “pai nosso”, “amém” ou “meu senhor”. Ele é aquele com quem falo todas às noites, começando com um “e aí colega” e terminando com um “falou” ou “até mais”.
    O meu Deus não se ocupa com apocalipses ou tragédias, mas deixa a natureza e a humanidade seguir seu próprio caminho.
    O meu Deus é aquele que você tem vontade de abraçar, e sabe que nunca precisará temer sua fúria, porque ele é só amor e compreensão.
    O meu Deus não diz como você deve viver. Ele só espera que você seja feliz.
    O meu Deus tem senso de humor. Ele não se irrita nem promete vingança se dou risadas dele assim como dou risadas de mim todos os dias. Nós rimos juntos.
    Meu Deus entende que todos são iguais e diferentes ao mesmo tempo, e nunca condenará alguém por sua origem.
    O meu Deus não está na Bíblia, no Alcorão, no Livro de Mórmon ou em qualquer templo que vocês frequentam. Se já esteve, teve sua imagem cada vez mais deformada, e não deve ter gostado disso.
    O meu Deus não tem infernos ou purgatórios. Ele só tem um abraço de carinho para quando você for visita-lo.

    Essa é minha crença. É nela que me apoio, todos os dias. Porque onde quer que ele esteja, meu Deus não é alguém que eu deva temer e me ajoelhar para aplacar sua fúria, mas sim um grande amigo que age como os grandes amigos devem agir: Te dando o apoio e o amor que você precisa, mas deixando que você siga seu caminho.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Abrir mão.

Há muitas coisas para se colocar em ordem no momento. A decisão de sair de casa para possibilitar a adoção trouxe muitas coisas novas, alguns questionamentos e algumas constatações.

Uma delas particularmente tem me incomodado um pouco. Quanto de espaço sobrará no meu coração?
Quando digo isso, estou pensando sobre um relacionamento. Haverá espaço para alguém na minha vida além do meu filho? Será que eu conseguiria me dedicar à alguém além do meu filho?

Sempre que eu penso no assunto, sempre que me imagino com alguém no momento da adoção, essa pessoa parece um intruso, alguém que não deveria estar ali, capaz de atrapalhar minha felicidade ao lado do meu pimpolho.

Então um dos tópicos desse grande rol de decisões envolve isso: abrir mão de relacionamentos, para que eu posso me dedicar única e exclusivamente ao meu garoto.

Mas, dentre todas as decisões, essa está se tornando ligeiramente difícil. Curiosamente, deveria ser a mais fácil de todas, dado meu conhecido problema com o desgaste rápido de uma atração que sofro... Mas não é. Tenho uma pessoa que gosto muito, que já não deu certo uma vez, e tenho medo de perdê-la. Mas ao mesmo tempo, e principalmente, tenho medo de incluí-la nos meus planos futuros.

E agora essa pulga atrás da orelha me incomoda, e eu não sei exatamente o que fazer, pra onde olhar. Porque o medo de me arrepender da decisão, de tomar qualquer direção que depois prejudique meu relacionamento com meu filho, é muito forte.

Não sei pra onde olhar.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Entroncamento



Está chegando o dia de deixar minha casa. A decisão está tomada, pelo bem maior que eu mesmo escolhi.
Como disse minha estimada prima, é hora de deixar de ser filho. Assumir as dificuldades e as responsabilidades, para que no futuro eu tenha condições de ter meu filho.

Esse é o grande objetivo, a meta final: A adoção. E depois de muito pensar, mas principalmente, de ouvir algumas coisas, eis que me vejo com esta única saída: Eu devo sair de casa. Devo construir minha vida fora dessas paredes, por mais difícil que pareça.

E depois, investir na minha nova moradia. Tratá-la com muito zelo e carinho, deixá-la pronta para receber, no futuro, o pequeno ser pelo qual me tornarei responsável. Onde posso dar a ele segurança e carinho, cumprindo o desejo mais íntimo do meu coração: ser pai.