Está em mim.... está em ti... está cuidando... do que está aqui.
O Rei Leão. Algo aconteceu comigo nessa peça. E hoje eu percebo o quê.
A história, a força da música africana, o potencial dramático, tudo isso se refletiu na minha atual fase da vida.
Quando Rafiki entrou em cena, e cantou o primeiro verso, eu chorei. Chorei durante toda a Ciclo da Vida. Porque aquilo resgatou memórias de infância, sentimentos enterrados, muita coisa. Foi uma mistura de nostalgia com emoção, a força da música africana adentrando em mim e abrindo a alma.
Então temos Simba e Mufasa. E há ali uma cumplicidade, uma amizade, que também muito me tocou. Principalmente quando o pai ensina ao filho sobre os reis do passado, aquilo tudo mexeu comigo profundamente. A alma, que já estava aberta, apresentou suas feridas, e eu senti toda a falta que uma relação assim com meu pai fez. Eu senti sua ausência como amigo, cúmplice e conselheiro. Ao mesmo tempo acentuou o desejo de ser pai, de ter uma relação desse tipo com meu filho. Eu me senti ansioso, dado o momento que estou passando, e ficou bem claro, ali, o quanto eu desejo e preciso ser pai.
Depois vem a fuga de Simba, e sua procura por si mesmo. Mais uma vez velhas feridas se apresentam, o longo período em que me escondi de mim mesmo, meus questionamentos, a dor interna. E Nala decide abandonar a Pedra dos Leões, em busca de socorro. Essas duas buscas se refletiram nas batalhas interiores que por tantos anos eu passei. Simba eram minhas dúvidas, Nala minhas buscas.
Ao mesmo tempo, a busca de Nala refletiu a minha saída de casa. Por mais que eu não quisesse isso antes, é uma necessidade, algo que preciso fazer para poder viver de fato, realizar meus sonhos. "E pela longa jornada, essa oração me leva"... A música Terra Seca refletiu muito dentro de mim dessa forma.
Então Simba continua buscando quem ele é, e canta, em Noite Sem Fim, sobre a falta do pai. A força e o sentimento que o ator colocou nessa música ressoou perfeitamente comigo, e isso foi muito forte. Eu me senti triste, e revoltado. Não à toa, é minha música favorita da peça.
Com o surgimento de Nala, Simba precisa tomar a decisão de voltar ou não. Como eu no passado, ele deveria se confrontar e encarar aquilo que não poderia mudar. Como eu agora, ele deveria deixar sua zona de conforto, partir para encontrar o que era seu destino. Por mais difícil que isso fosse, ele tomou a decisão, como eu fiz.
E no fim tudo termina bem, com Simba mostrando seu bebê. Mais uma vez o tema da paternidade volta à peça, e já escrevi sobre como tudo isso me afetou. Mas ali, com ele terminando feliz, ao som de Ciclo da Vida, nos passa a ideia de que é possível, de um jeito ou de outro, um final feliz, o alcance dos sonhos, por mais difíceis que eles sejam.
E é por isso que essa peça me tocou tanto. Destino, paternidade, conflito interior, autocrítica, a busca de si mesmo e de seu futuro. Com o poder da música africana, tudo isso refletiu em mim com uma força avassaladora. A peça, de uma certa forma, refletiu a minha vida de uma forma que nunca foi feito antes.
E por mais que tenha, na medida do possível, tentado descrever tudo aqui, ainda me sinto insatisfeito por não conseguir colocar em palavras toda a torrente de sentimentos que O Rei Leão desencadeou. O texto parece incompleto, vazio de sentimentos. Mas é impossível colocar em palavras tudo o que sinto. Pelo menos dessa vez não deu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário